La vivienda ha dejado de ser, en muchos contextos, un espacio de refugio, convivencia y derecho, para convertirse en objeto de especulación, herramienta de exclusión y síntoma de un sistema cada vez más deshumanizado. Frente a este panorama, este monográfico se articula en torno a una idea que, sin ser nueva, cobra hoy renovada urgencia: la vivienda emancipatoria. Un concepto abierto, plural y operativo, que se propone como horizonte de posibilidad para repensar el habitar más allá de los límites del mercado. Este número reúne una serie de contribuciones que, desde distintas disciplinas, escalas y geografías, exploran cómo puede concebirse, proyectarse o vivirse una vivienda que no solo cobije, sino que libere; que no se limite a responder a necesidades materiales, sino que active derechos, vínculos y formas de vida dignas. En estas páginas encontrarán propuestas surgidas desde el feminismo de los cuidados, la autogestión latinoamericana, las cooperativas de vivienda, el pensamiento crítico o las pedagogías arquitectónicas alternativas. Todas ellas comparten una voluntad común: cuestionar el paradigma dominante y trazar nuevas cartografías de posibilidad. Lejos de ofrecer una única respuesta, el monográfico apuesta por una mirada coral, que reconozca la complejidad del problema habitacional y la necesidad de abordarlo desde múltiples frentes: legales, arquitectónicos, sociales, económicos y culturales. La vivienda emancipatoria se presenta aquí como una utopía secular, no totalizadora, pero sí orientadora; como un límite asintótico que nos ayuda a imaginar, desear y construir otros futuros posibles. Invitamos al lector a recorrer este número como quien se adentra en un coro de voces diversas pero articuladas, que no pretenden cerrar el debate, sino abrirlo desde la esperanza crítica y el compromiso con una vida más habitable para todos.
Housing has, in many contexts, ceased to be a space of shelter, community and rights, and instead become an object of speculation, a tool of exclusion, and a symptom of an increasingly dehumanised system. In response to this situation, this special issue revolves around an idea that, while not entirely new, has gained renewed urgency: emancipatory housing. This is understood as an open, plural and operative concept, offering a horizon of possibility for rethinking dwelling beyond the confines of the market. This issue brings together a diverse range of contributions from different disciplines, scales and geographies, exploring how housing can be conceived, designed or lived in ways that not only provide shelter, but enable liberation — that go beyond fulfilling material needs to activate rights, relationships, and dignified ways of life. Within these pages, readers will find perspectives rooted in feminist care ethics, Latin American self-managed housing, cooperative movements, critical theory, and alternative architectural pedagogies. What they all share is a common intent: to question the dominant paradigm and chart new maps of possibility. Rather than offering a single answer, the issue embraces a choral perspective that acknowledges the complexity of the housing crisis and the need to address it on multiple fronts: legal, architectural, social, economic and cultural. Emancipatory housing is presented here as a secular utopia — not totalising, but orientational; an asymptotic horizon that helps us to imagine, desire and construct alternative futures. We invite the reader to approach this issue as one would a chorus of diverse yet harmonised voices — not to close the debate, but to open it through critical hope and a shared commitment to making life more liveable for all.
A habitação, em muitos contextos, deixou de ser um espaço de abrigo, convivência e direito, para se tornar objeto de especulação, instrumento de exclusão e sintoma de um sistema cada vez mais desumanizado. Diante desse cenário, este dossiê se articula em torno de uma ideia que, embora não seja nova, ganha hoje uma urgência renovada: a habitação emancipatória. Um conceito aberto, plural e operativo, que se propõe como horizonte de possibilidade para repensar o habitar para além dos limites do mercado. Este número reúne uma diversidade de contribuições, oriundas de diferentes disciplinas, escalas e geografias, que exploram como pode ser concebida, projetada ou vivida uma habitação que não apenas acolha, mas que também liberte — que vá além de responder às necessidades materiais para ativar direitos, vínculos e modos de vida dignos. Nas páginas que seguem, o leitor encontrará perspectivas inspiradas no feminismo dos cuidados, na autogestão latino-americana, nas cooperativas habitacionais, no pensamento crítico e em pedagogias alternativas da arquitetura. Todas elas compartilham uma mesma intenção: questionar o paradigma dominante e traçar novas cartografias de possibilidade. Longe de oferecer uma resposta única, o dossiê aposta em um olhar coral, que reconhece a complexidade da questão habitacional e a necessidade de enfrentá-la por múltiplas frentes: jurídicas, arquitetônicas, sociais, econômicas e culturais. A habitação emancipatória é aqui apresentada como uma utopia secular — não totalizante, mas orientadora; um horizonte assintótico que nos ajuda a imaginar, desejar e construir outros futuros possíveis. Convidamos o leitor a percorrer este número como quem escuta um coro de vozes diversas, mas em sintonia — não para encerrar o debate, mas para abri-lo, com esperança crítica e compromisso coletivo com uma vida mais habitável para todos.